Em um jogo muito equilibrado, decidido apenas após 120 minutos
mais oito cobranças de pênaltis, o Paraguai fez história nesta
terça-feira, em Tshwane/Pretória, e superou o Japão para avançar às
quartas de final da Copa do Mundo da FIFA - um feito inédito.
Depois de um empate sem gols num confronto de
dois times muito aplicados, capitulado por muita tensão, a Albirroja
conseguiu um triunfo marcante com o custoso placar de 5 a 3 na disputa
de penalidades, a primeira da África do Sul 2010.
Agora a equipe aguarda o vencedor de Espanha x
Portugal, que terá início às 20h30 (locais, 19h30 em Lisboa e 15h30 em
Brasília). Este foi o sgundo duelo de oitavas definido no tempo extra,
depois da vitória de Gana sobre os Estados Unidos por 2 a 1.
A classificação paraguaia reitera a força da
América do Sul neste Mundial. O continente coloca quatro de seus cinco
representantes entre os oito sobreviventes no torneio, o que é um
recorde regional.
A Batalha
O Paraguai era quem procurava a iniciativa de jogo, diante de um
adversário que jogava recuado, com nove jogadores postados atrás do
meio-campo e apenas o atacante Keisuke Honda à frente. O time
sul-americano tinha a posse de bola, com 61% no tempo regulamentar, mas
enfrentava dificuldade para se aproximar da área, esbarrando em uma
primeira linha de marcação com cinco homens ou na linha de zagueiros.
A primeira chance de gol do time saiu aos 20
minutos, em iniciativa individual de Lucas Barrios, que tabelou em
velocidade com Cristian Riveros pela esquerda, fez um belo giro para
deixar o defensor para trás e chutou de direita, rasteiro. O goleiro
Eiji Kawashima fez a defesa com o joelho. A outra oportunidade veio aos
29, em escanteio de Claudio Morel pela esquerda, encontrando Roque Santa
Cruz. Após disputa pelo alto, o atacante teve liberdade para chutar,
bem próximo ao gol, mas acabou batendo para fora.
Do seu lado, os nipônicos apostavam em
contra-ataques velozes, com a aproximação de três homens do meio-campo a
Honda. O mais perigoso contragolpe na primeira etapa veio aos 40
minutos, quando Daisuke Matsui puxou a bola pela esquerda em arrancada e
serviu a Honda, que bateu de primeira, para fora, da entrada da área,
buscando o canto direito. Chutes de longa distância também eram uma
alternativa à equipe, especialmente depois do mesmo Matsui ter assustado
a torcida Guaraní com um tiraço que encobriu Justo Villar e explodiu no
travessão, aos 22.
Na volta do
intervalo, a Albirroja conseguiu encontrar espaço pelo lado
esquerdo de seu ataque, chegando com perigo pelo setor. Nos primeiros
minutos, com o jovem Edgar Benítez; depois, com Nelson Valdez, que o
substituiu.
Aos 66 minutos, o técnico
Takeshi Okada colocou em campo Shinji Okazaki para fazer companhia a
Honda à frente. Na primeira combinação entre os dois, Honda enganou a
marcação paraguaia e passou para Okada na área, á direita. O
centroavante tentou o cruzamento, mas Alcaraz cortou para fora.
Aos poucos, os japoneses subiam ao ataque com
mais homens, exibindo muita técnica nos passes e aplicação no
deslocamento sem a bola. Cada investida fazia seus torcedores respirarem
fundo – num suspiro coletivo – nas arquibancadas do estádio Loftus
Versfeld.
Em busca de mais velocidade em
seu meio-campo, o técnico Geardo Martino optou por colocar Edgar Barreto
no lugar de Nestor Ortigoza. Foi um volante por outro, mas Barreto
poderia oferecer mais mobilidade à equipe e mais uma opção de chegada ao
ataque, pelo lado direito. Enrique Vera foi recuado para a
cabeça-de-área. A defesa japonesa, no fim, se mostrou muito sólida para
ser superada.
A hora do drama
Em
sua última alteração, Martino colocou o jovem artilheiro Óscar Cardozo
no lugar de Santa Cruz, ganhando uma referência mais forte dentro da
área, enquanto Barrios era empurrado para a direita. Haedo também
começou a jogar mais centrado. Foi com este posicionaento que ele criou
boa chance de gol. O lateral Morel se infiltrou pela esquerda e enfiou
para o atacante, que, em um toque rápido, se lançou à frente. Mas o
goleiro Kawashima saiu bem e abafou sua finalização.
As jogadas de bola aérea também incomodaram a
retaguarda nipônica, exigindo muita atenção a cada cruzamento. O avanço
paraguaio permitia também as respostas dos velozes japoneses, que, mesmo
com mais de 100 minutos de partida, seguiam com seus piques
impressionantes. Todo esse esforço, no entanto, acabou não resultando em
gol.
Quando o árbitro belga Frank de
Bleeckere deu o apito final no duelo, a grande expectativa, a tensão do
público nas arquibancadas do Loftus Versfeld foi quase palpável. As
vuvuzelas sopraram mais alto e praticamente todos se levantaram de seus
assentos.
Em campo, as duas seleções se
uniam em uma roda no centro do gramado, preparadas para o terceiro ato
do embate, nos pênaltis. Barreto converteu o primeiro, fazendo Paraguai 1
a 0. Yasuhito Endo empatou. Lucas Barrios fez 2 a 1. Makoto Hasebe
igualou. Cristian Riveros colocou os Guaranís à frente. Yuchi
Komano desperdiçou a sua, chutando alto no meio do gol, mas atingindo o
travessão. Nelson Haedo colocou 3 a 2 no placar. Keisuke Honda diminuiu,
mantendo seu time vivo. Mas Óscar Cardozo teve toda a tranquilidade do
mundo para guardar o seu: Paraguai 5 a 3, Paraguai nas quartas de final.